quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Autárquicas 2017 - Uma reflexão.

Autárquicas 2017
Uma reflexão.
Caros Gondomarenses,
As eleições de dia 1 de outubro representaram uma opção clara dos Gondomarenses. Ganhou o Partido Socialista nos três votos: Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia com excepção da União de Freguesias Fânzeres e São Pedro da Cova.
Os Gondomarenses, na sua maioria, deram um sinal claro. Estão satisfeitos com o primeiro mandato de Marco Martins.
Ou não.
Repare-se no seguinte: Valentim Loureiro, emblemática figura nacional, responsável por um claro investimento e desenvolvimento em Gondomar, como PSD e Independente, conseguiu dois feitos.
Voltou a fazer uma campanha eleitoral organizada, com força e dinamizadora da qual resultou a eleição de mandatos em todos os órgãos a que se candidatou, debelando uma possível perda na secretaria tentada pelo PS de Marco Martins, pela segunda vez consecutiva.
O segundo feito, prende-se com o impacto nas previsões dos resultados. Não houve até ao final do ato eleitoral expressão clara de sondagem e todos, de uma forma ou de outra, se reservaram nas suas previsões mostrando dúvida.
Esta é a prova que os Gondomarenses lhe atribuem uma imagem positiva enquanto homem que desenvolveu o concelho de Gondomar.
Então porque não ganhou? Entendo que Valentim Loureiro teve impacto na diminuição da abstenção. Os Gondomarenses Socialistas mobilizaram-se, como nunca, precisamente com o receio da derrota.
Galvanizados pela situação nacional e com vontade de se libertarem da geringonça, cansados de 20 anos fora do poder, não queriam um mandato fugaz de Marco Martins. Os Socialistas, sabem que Marco Martins ficou aquém das expectativas tendo uma atitude entre os despesismo, marketing político e promoção de eventos, geralmente, ideias importadas já prontas nas quais não inovou. Sabem que o discurso da desculpabilização com recurso à dívida não funciona. Sabem que Marco Martins não domina os números e que recuou em muito no que defendeu enquanto Presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto. Sabem que não deixa obra e foi, por isso, que votaram em massa.
Quiseram que Marco Martins esteja lá outra vez, para que faça obra não envergonhando o partido e para que, dessa forma, se instale uma máquina que esteve 20 anos afastada do poder.
Marco Martins pauta-se por ideias sem visão de futuro, faz gestão simples do dia a dia e não domina os assuntos. A sustentabilidade económica das suas iniciativas ultrapassa o bom senso e, geralmente, perde força ao longo dos anos, gera aumentos de encargos que afastam parceiros e que obrigam a voltar com a ideia atrás. O exemplo da Varredora que rebentou com o orçamento da Junta de Freguesia de Rio Tinto, a Festa da Cerveja cujos parceiros se recusaram a continuar devido a taxas elevadas, a perda de feirantes nas festas de São Bento das Pêras e São Cristovão, a feira de Rio Tinto que prometeu recuperar e não tem manutenção ou aumento de feirantes há 15 anos, o mercado da Areosa, principal promessa não cumprida na plenitude, a desentubação do Rio Tinto, agora, acompanhado pela entubação da Ribeira da Castanheira para realizar o Parque Urbano de Rio Tinto, numa zona onde já existe um (Quinta das Freiras), esquecendo a zona norte de Rio Tinto. Enfim. Os Socialistas sabem que os 85 % por cento de programa cumprido são extremamente questionáveis e foram, precisamente, os 15% mais ambiciosos que ficaram por cumprir. O resto é mera gestão. Apesar do destaque dado ao Plano Diretor Municipal, a verdade é que não foi mais do que terminar um trabalho que já estava em curso.
A juntar a tudo isto, Valentim Loureiro não ganhou porque, os Gondomarenses, sabem que apesar de cabeça digna de elogio, é preciso ter corpo para o desempenho de funções que obrigam a circular pelo concelho, a estar no terreno e a dialogar. A idade de Valentim Loureiro, a sua condição física, a dúvida sobre se Valentim prepararia caminho para alguém, ou, se apenas se candidatou por capricho contra Passos Coelho, foi a machada final para justificar os resultados pobres para quem dizia: “ O Presidente Voltou”.
E que dizer de Daniel Vieira? Daniel Vieira teve um resultado que demonstra apenas dois aspetos relevantes. Deixou marca na União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, sobretudo, pela simpatia e contacto próximo com a população. Outro aspeto é não ter perdido o seu eleitorado fiel à CDU.
Pode orgulhar-se, mas de forma amarga. Isto, porque devido à maioria absoluta de Marco Martins, perdeu o possível impacto negocial para a formação de um executivo caso Valentim Loureiro tivesse tido o resultado que almejava.
Já Rui Nóvoa, foi a derrota do Bloco de Esquerda. Teve um discurso frágil e subserviente ao discurso de Marco Martins, intervindo sempre no sentido de reforçar os ataques a Valentim Loureiro e a Rafael Amorim. Rui Nóvoa abdicou da sua ideologia bloquista e tornou-se mais uma voz socialista, coisa que Daniel Vieira não fez, afirmando-se como uma identidade autónoma com o objetivo claro de conquistar a Câmara Municipal de Gondomar.
E que dizer de Rafael Amorim? Sem dúvida uma agradável surpresa nestas eleições, um homem novo, competente, estudioso com trabalho realizado na Câmara Municipal de Gondomar e que conhece a sua verdadeira história. Íntegro e fiel à sua ideologia, com ética, projeto, claro e transparente. O primeiro a apresentar-se à população como candidato, ouvindo as pessoas e integrando as suas ideias num programa eleitoral sem nunca perder a sua visão pessoal. Ideologicamente, foi o projeto com mais medidas concretas e enquadradas numa visão a longo prazo, para muitos anos e pensada para além das fronteiras do Concelho.
Claramente, para além da gestão do dia a dia, Rafael Amorim, mostrou ser o candidato com melhor formação na área da administração pública, na área do direito e na área da economia e finanças públicas. Mostrou ser um homem de contactos, de disponibilidade e trabalho feito para não precisar de tempo para se adaptar.
Foi o Homem que marcou a agenda do debate político no concelho, foi sempre a pessoa que lançou as propostas que geraram as questões de todos os debates. É caso para dizer que todos os outros candidatos se pautaram pela desculpa, ou pelo comentário espontâneo sem fundamentação. Rafael Amorim mostrou-se um homem do povo, simples e que leva a sério a obrigação de fazer tudo com cabeça, tronco e membros.
Então, se Rafael Amorim é assim tão bom, porque teve a coligação que encabeçou tão mau resultado? Esta questão suscita algumas reflexões importantes. A começar pela campanha simples e de proximidade, que apesar de verdadeira e sincera não chegou a todos os Gondomarenses. Rafael Amorim não tinha trabalho feito em qualquer órgão autárquico do concelho nos últimos 4 anos. Apesar de dominar os assuntos do concelho, ter trabalhado como chefe de gabinete de Valentim Loureiro não lhe permitiu contactar diretamente com todos os estratos sociais de Gondomar na figura ou condição de líder, que certamente faz diferença.
A sua imagem de competência, que corresponde à verdade, não foi suficiente para ganhar a confiança do povo gondomarense, um povo com fome e amargurado de anos de Troika causados por gestão socialista. É este o paradoxo, dada a conjuntura nacional de derrota do PSD, o resultado de Marco Martins deixa precisamente essa dúvida. Foi Marco Martins que ganhou ou foi António Costa? Foi Rafael Amorim que perdeu ou foi Passos Coelho?
Outro paradoxo, tipicamente português, é esta coisa estranha de termos sucessivos resgates financeiros resolvidos pelo PSD, partido que fica com o ónus da dureza e insensibilidade com o país, mas nunca tem a verdadeira oportunidade de mostrar o que consegue fazer com um país estável e recuperado.
Faz lembrar aquela situação em que depois de uma amargura se ganha um prémio e, para festejar, se faz logo uma brutal jantarada sem garantia de que se ganhe novo prémio ou se pense em investir de forma a multiplicar o seu valor.
Certo é que neste momento existe um clima agridoce. Não se consegue fazer uma leitura exclusivamente nacional ou exclusivamente local. A diminuição da abstenção demonstra também que não se vive tão bem assim. Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tão razão, sábio provérbio popular que retrata estas autárquicas.
Os indicadores económicos são débeis e, dizem os entendidos, que não se podem atribuir exclusivamente a António Costa. E é isto que é relevante.
Passos Coelho, ficou reconhecido como um homem forte, na determinação de resolver a situação financeira do país e quando os sinais económicos positivos se mostravam, mas não eram certos, o povo, elegeu-o, de uma forma tão simples como esta: Passos é para alguns patinho feio, mas, foi ele que se mostrou Cisne, no meio daqueles que faziam jogo político, não querendo ficar conotados com a firmeza necessária, para governar um país em recessão económica. Hoje todos os outros Cisnes apareceram abrindo as suas asas, a população fascinou-se. As Asas dele, desgastadas ficaram invisíveis no meio de tanto voo simultâneo onde outras asas se batem largando penas por aí.
Agora é tempo de novas propostas, novas formas de fazer política, de uma oposição que honre os mandatos eleitos e represente todos Portugueses e claro, aqui, os Gondomarenses com um abraço especial aos Riotintenses.
Também um abraço a todos os candidatos pela Coligação PSD/CDS Gondomar no Coração que honraram estas autárquicas com correção e um trabalho incansável
Bruno Pinto
Presidente do PSD de Rio Tinto

Foto de PSD de Rio Tinto.

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